Mutação


A distância que se anuncia
A gruta onde reverbera o eco
o toco da árvore torta
Esparadrapos de pano
a encobrir antigas feridas    cicatrizes ainda abertas.
As estrelas que caíam todos os dias
se perderam na imensidão 
do vazio.
A música de fundo
não passa agora de ruído
a irritar os tímpanos.
Onde, em que líquido soluto
essa química se dissolveu?
O cavalheirismo por trás do ranger de dentes.
Meus pensamentos a sobrevoar
as sombras do passado
buscam algo de mágico
e é em cinzas que habita 
o meu presente.
Das cores aquareladas       tímidas
que restaram
nos pelos dos pincéis endurecidos
dos dias atuais.
Qual pintor, quem de nós dois,
se esqueceu da aguarrás?
O que se ergueu
com os tijolos de sonhos
das longas noites conversadas?
Sempre há, o que faz tudo valer a pena.
Fazer das linhas constantemente sinuosas,
uma reta.
Do topo do poço do elevador
vejo o meu corpo em queda.

Jaqueline Serávia
Enviado por Jaqueline Serávia em 27/06/2008
Código do texto: T1053765
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