BLOCO DE NOTAS

Não escrevi poemas confusos e oblíquos

Não há nada de novo e ambíguo

Não há paixão, romance ou a fim

Não há nova nota, no meu bloco de notas

E a única nota é a do meu rádio que toca

Fazendo serenata em festim

As notas do Bloco do Eu Sozinho

-Todo carnaval tem seu fim

E eu até quis romantizar alguém,

Mas sinto que busco a paixão do cupido

Também escrevi versos, pra quem agora é ninguém

E vi que o meu amor próprio não foi esculpido

Então prefiro o flerte, querendo além

O desejo idealizado tornou-se conspícuo

E na linha tênue de quem se abstém

Vê que os olhares não foram recíprocos

Contudo, na vida sempre há um "porém"

Nunca mudei meu sinceros sorrisos

De longe te faço cortejos

Porque só assim o encanto se esvai

A mente pensa, mas não materializa

E fica uma briga entre as duas Isas

A que para, pensa e racionaliza

Contra a que intensifica e ama demais

Pensando bem, já já é fevereiro

Há de surgir outros novos carnavais

Deixamos pra lá aquele café e os beijos

Destarte, que se foi, até tarde, os desejos carnais

Não escrevi mais poemas confusos e oblíquos

Me falta algo grandiosamente inspirador

Tudo de novo e de novo, tornou-se ambíguo

E assim, tentei construir laços de amigos

Na expectativa que estes não causem dor

Estava errada, o bloco de notas quem fala

A metalinguagem falhou

Azevedo, Isabelle (04/10/2024)