Não vou parar
E eu não vou
parar com os esquemas,
Pois o povo carece de tais,
E o Brasil carece de poemas
que nos cerquem de animais,
De amores sem algemas,
De romances cardinais,
Ilustres como gemas
dos antigos carnavais.
E eu vou,
Vou falar para ela
que sua falta
machucou demais,
Me perdi nos meus dilemas,
Não vi os filmes em cartaz,
Me via só, mas oh que pena,
Tão intrépidos os sinais,
Éramos português e Iracema,
Hoje o amor por aqui jaz.
Mas não vou,
Não vou voltar pra ela,
Pois o que se foi
já não volta mais,
Já parti desse sistema
que me oprimiu
e me deixou para trás.
Deixei pra trás os meus dilemas,
O português e Iracema,
Os nossos velhos carnavais.
Só me restou o que não tema,
Inspiração de idade tenra,
Aquele chá de alfazema
e a certeza de um poema,
Daqueles que o Brasil amou demais.