Desnatureza.

 

Quando uma dor, o amor supera,

Definitivamente não foi amor,

Quando a saudade é só espera,

Não é sensato, é desamor.

Se se aposta numa outra era,

É pura quimera, untada de dor,

E se a jura é insincera, 

O que impera é o dissabor.

 

Se o amor ausente é administrável,

A vida torna-se mero negócio,

E essa premissa é tão deplorável,

A exigir a figura do cândido sócio.

 

Porque são tão previsíveis as tramas,

Nesse mundo limitado por mesmices?

Porque são tão raras as oníricas camas, 

Onde deitam amores e despertam meiguices?

 

O verdadeiro amor requer o vigor, 

O verdadeiro amor requer a certeza,

O verdadeiro amor só se é amor,

Destilado e refinado nos princípios da nobreza. 

 

De todos os sentimentos, é consenso, 

Que o amor a tudo e a todos perpassa,

Na natureza e nos seus elementos,

Ausente o amor, o mundo seria, deveras sem graça!

 

Se há amor haverá esperança,

Onde há amor prevalece o perdão, 

A ferina paixão, nele se amansa, 

O amor se ala e os céus alcança, 

Mas perde as bem-aventuranças, 

Ao ficar com seus pés atrelados ao chão.