A nau dos desapontamentos.
O que esconde o teu silêncio é tão audível!
Incompreensível é, em ausentar, insistires.
O teu desdém é por demais perceptível,
O teu cuidado é como um óbulo, a quebrar um pires.
Os que dizes já não mais me contagia,
Como me fez tripudiar, outrora, contra o mundo,
Eu já não sinto em tua voz, o que eu sentia,
Meu desgosto é poço largo, turvo e bem profundo…
Já nem me lembro do que me eram os teus abraços,
Muito menos, o sabor que emanava dos teus beijos,
Hoje já não me atenho aos destinos dos teus passos,
Teu olhar, no meu olhar? É o olhar do mar pro velho Tejo.
No que um dia foi sonho, vida e fartíssima sinergia,
O vinho tornou-se vinagre e do descuido, o amargor…
O tempo agiu ligeiro, sorrateiro, na nauseante apatia,
A tornar insossa a iguaria, o que um dia,
Pelas calmarias, teve gosto de amor.