GRITOS

No ranger da noite

Bocas pretas

Turbilhão de mágoas

Deserto de campos

Abertos.

Caravanas foram

Extintas

A brisa do mundo era

Labaredas

De ferro a fogo fino.

Das fontes de águas

Límpidas

Turvaram o amor

Deslizaram terror

Deceparam as belas

Almas de Hiroshima.

Mutilaram a vida

E o inferno era a única

Porta a se abrir.

Severos desgraçados

Regam sangues

Sem piedade

Não permitem combate

Só a solidão

Sombrea

Corpos mosqueados.

Os Deuses do mundo

Do faro da navalha fria

Capacetes

Em ocas cabeças

Arrogância infalível

Desses míseros poderes

Em decomposição.

Tetas de leites tóxicos

Embolaram as línguas

Das crianças famintas.

Dos dias escuros

Claras faces feridas

Em peles cinzentas

Lamaçal de sangue

Dores infindas.

E as rosas se calaram

Secaram os espinhos

Murcharam as pétalas

Não mais exalaram

Seus odores

Em frios túmulos

Dilacerados.

Ah, matilha de

Abrolhos

Nos errem

Estamos fartos

Dos seus atos

De semideuses.

Daniel Gomez.

Dangomez
Enviado por Dangomez em 02/01/2020
Código do texto: T6832804
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