UM VULTO NA ESCURIDÃO

I

Quando eu mais precisei

Jogaram-me lama

E não me sujei.

II

Fiquei manchado pela dor

E nunca reclamei, chorei

Hoje sou vida em graça.

III

Ah! Tu não podes me alcançares

Porque tu te denuncias dia

E hora marcada.

IV

Nas vielas em poeira

Becos encharcado de lixo

Onde cães não lambe os teus passos

E nem se contaminam com restos

Por seres tu o grito angustiado

das neves em socorro.

V

Abafada pela tênue tortura de porta fechada

És vítima da solidão que te cobre de graça

És ladra da tua consciência

E morres no pensar

Que nem Santo Antônio

Suporta escutar

Na capela da senhora

Tudo é pedra

Da igreja matriz

És folha seca

Mulher das sombras

Perdida sempre estarás

Vagando em negro pasto.

Sérgio Gaiafi
Enviado por Sérgio Gaiafi em 28/07/2019
Reeditado em 21/08/2019
Código do texto: T6706226
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.