RESTA-ME UM DIA DE SANTIDADE
Estão querendo no impio desejo sombrio, matar-me...
Já cuspiram no meu rosto;
Já lamberam minhas feridas;
Já sepultaram-me na lama;
E gritaram o meu mome em pávido colosso.
Ah! pegaram-me e se lambuzaram de gotas de orvalho;
Na orgia dos becos unguentos;
Com cheiro forte de verbena;
Que pelas narinas escorre o sangue;
Que lambem e engolem;
Na frênica ânsia de ter-me;
Dia após dia após dia amargo.
Quão miseráveis são os doutos incultos;
Lixo que prolifera-se nas ondas do meu corpo que em gritos alucinantes;
Expressa a dor que fala: "Matem-me..."
E, se não bastasse o acalanto em dor do torpor;
Que faz-me esquecido no vômito;
As gotas d'águas saindo pelos meus poros;
Poeira nos meus olhos;
Com força defecam os dejetos da força do amor.
Estanco as feridas sangrentas;
No Carmo do Karma;
Que pago por odiar;
A mistura amarga do sensabor tenaz;
Na era que desfaz quimeras;
Se eu fosse todo dia um meio dia;
De sarro profano eu em desamor;
Pelos que nunca amaram-me.