RESTA-ME UM DIA DE SANTIDADE

Estão querendo no impio desejo sombrio, matar-me...

Já cuspiram no meu rosto;

Já lamberam minhas feridas;

Já sepultaram-me na lama;

E gritaram o meu mome em pávido colosso.

Ah! pegaram-me e se lambuzaram de gotas de orvalho;

Na orgia dos becos unguentos;

Com cheiro forte de verbena;

Que pelas narinas escorre o sangue;

Que lambem e engolem;

Na frênica ânsia de ter-me;

Dia após dia após dia amargo.

Quão miseráveis são os doutos incultos;

Lixo que prolifera-se nas ondas do meu corpo que em gritos alucinantes;

Expressa a dor que fala: "Matem-me..."

E, se não bastasse o acalanto em dor do torpor;

Que faz-me esquecido no vômito;

As gotas d'águas saindo pelos meus poros;

Poeira nos meus olhos;

Com força defecam os dejetos da força do amor.

Estanco as feridas sangrentas;

No Carmo do Karma;

Que pago por odiar;

A mistura amarga do sensabor tenaz;

Na era que desfaz quimeras;

Se eu fosse todo dia um meio dia;

De sarro profano eu em desamor;

Pelos que nunca amaram-me.

Sérgio Gaiafi
Enviado por Sérgio Gaiafi em 25/06/2019
Reeditado em 21/08/2019
Código do texto: T6681072
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