ÉBRIO

Chamam-me de ébrio

Chacoteiam-me,

Riem de minha situação.

Vivo por ai

Neste beco jogado

Resultado

De uma mal resolvida paixão.

Nas frias temperaturas das noites,

Fazia meus dentes bater,

Enquanto eu tremia as mãos,

Nestas brisas gelada

Sentia meus ossos doer.

Em casa de tetos quebrados,

Vivo no abandono

Tal qual um cão sem dono,

Todo amor que me nutria

Não me alimenta mais.

Estou perdido num labirinto,

Sem saída,

Ouço gritos na avenida,

Já até me atiram pedras,

Sou um bêbado e mais nada.

Ela em trajes de gala,

Passa acompanhada,

Até tropeçando em mim

Desconhece-me, fugaz

à lado com outro rapaz.

Seu brilho é tão forte

E eu nesta escuridão,

Outrora eu vigoroso amante,

Agora maltrapilho, errante

Só lembranças a bebida me trás.

Enquanto você

Fragrância alfazemas

Eu cheirando mal

De tavernas em tavernas

Enchendo me de álcool

nos bares sempre a beber

Cantava em delírio,

Ocultando as tristezas,

Para ninguém perceber.

Embriagado sem juízo,

Desvairado, oprimido,

Cantava esta canção...

Porque você não vem comigo

A cada gole de Martíni,

Meu amor te quero mais.

Você minha paixão.

Minha face deformada,

Aparentando cansada

Até me falta o que comer,

Enquanto você elegante,

Beleza sempre constante,

O desejo de todos homens

De pecar com você,

Enquanto eu lhe tinha de graça,

Hoje nem o sorriso tenho de você.

Se me vir por ai agonizando.

Diga que não me conhece,

Que é apenas um bêbado

Que acaba de morrer.

Diga que nunca me viu antes,

Que devido o alcoolismo

Isso veio acontecer.

Sepulte logo este corpo

Antes de escurecer.

Antônio Herrero Portilho/24/11/2014

Antonio Portilho antherport
Enviado por Antonio Portilho antherport em 24/11/2014
Reeditado em 03/05/2018
Código do texto: T5047450
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