Desmorrer

Eu vi a esperança na praça

Depois de uma luta, ferida

Eu vi a paixão perder graça

No tanque da mente aturdida

Eu vi um espelho servido,

Um lento jantar se encerrando

Eu vi o seu jeito querido

No seu tenso olhar me engasgando

A página preenchida e vazia,

A ponta que quebrei no tempo,

A foice que desfez fantasia

Fundiram o meu sentimento

A visão que eu não conhecia,

O amor que perdi por despeito

Partiram a uma guerra fria,

Deixando queimar o meu peito

Por anos os dias voaram

Cessando as asas batendo

As mãos que me confortaram

Tão frias acabaram morrendo

Mas lá no meio da praça

Ainda vive o meu socorro

De longe o meu vulto perpassa

Cantando "se morro, desmorro".

Tai Sant Ollem
Enviado por Tai Sant Ollem em 10/07/2014
Reeditado em 13/07/2014
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