A PARÁBOLA DOS MAUS TRABALHADORES

Uma parábola Jesus contou

O reino dos céus comparando

A um valado, que um senhor

Em boa vinha transformando

Arrendou-a a uns lavradores

E negociando os penhores

Foi cuidar de outros engenhos

Ao tempo, pois, de cobrar

A renda, mandou buscar

As cotas por seus empenhos

Mas na ausência do patrão

Os arrendatários pensaram

Talvez, em expropriação

Das terras que lhe alugaram

E pegaram os portadores

Do recado e sem pudores

A um e a outro expulsaram

Da vinha, a socos, pedradas

E outros, por fim, a pancadas

Com pedras e paus, mataram

Então, o dono mandou

Seu filho a dívida cobrar

Por que cargas d’água pensou

Que a ele iriam respeitar?

Era o herdeiro – bem sabiam

Matando-o, a vinha herdariam

Gritava a turba, frenética

E os rendeiros o arrastaram

Pra fora da vinha e o mataram

Sem dó, sem moral, sem ética

Após isso, o dono da terra

(Nunca vi tanta paciência!)

Pôs-se o indumento de guerra

E aniquilou, sem clemência

Os maus, e os queimou com ira

A seu luto, então, se retira

E a vinha a outros consócios

Arrendou, pra que a seu tempo

Vinhos, frutos, pagamento

Honrassem tais seus negócios.

Lucas Carneiro

17jan.2024

0h04