Poema – Lilith
Poema – Lilith
‘’ A Morte é a brasa que incendeia
no coração de todos os homens
a chama que queima no interior das estrelas
e que inevitavelmente queimara todo o universo
transformando-o em cinzas
Contemplo a morte como a brisa
que estremece a luz dos meus olhos
que aos poucos se apagam
Enquanto os meus lábios trêmulos sorriem
diante dos sonhos da vida que se esvaem
com o sangue dos meus punhos
E a realização de que vou virar pó
paradoxalmente me tranquiliza
como as flores sobre os túmulos
ou a brasa da morte que incendeia no coração de todos os homens...’’
Eu sou Deus
sou o símbolo incarnado do amor e do ódio
sou o homem pregado na cruz
sou o arcanjo banido dos céus
sou a alma aprisionada no inferno
e o cúpido a cantarolar nas canções de amor
Sou uma criança maldita aprisionada no mundo dos homens
uma alma sem história ou destino
Eu sou a Deusa que as religiões adoram
eu sou o Deus que os ateus ignoram
eu sou o Diabo pregado na cruz
eu sou o homem clamando por Jesus
Pregado na cruz ígnea de mim mesmo
eu sou o pecado e eu sou a salvação
Sou a insônia da dor e o pesar da solidão
A depressão já impregnada e sem cura
A dor nas noites de insônia
A medicação que me mata aos poucos (...)
A Poesia de um Poeta louco
que abdicou da sua sanidade
a escrever os versos mais terríveis
Um dia até mesmo o Diabo
o abandonou
Então ele esqueceu o seu próprio nome
esqueceu os seus próprios versos
até mesmo porque escrevia coisas tão terríveis
Sem saber quem ele era
Designou-se a si mesmo como Deus
Trancou-se em um quarto escuro
pregou os seus próprios pés e mãos
E com a mão que utilizou para martirizar-se
apontou para os céus e gritou
- Oh Pai, por que me abandonastes?
Ele morreu sem saber ao menos
que ele era Deus, O Diabo e o Homem
Mas ao mesmo tempo
o pó que para o nada retornastes...
- Gerson De Rodrigues