Lampejo de trevas
(Samuel da Mata)
É claro que ele não queria
Perceber que a noite já ofuscara o dia
Um piscar de trevas, deu pausa a poesia
Viu desfeita a peça que ilusão tecia
Um lampejo apenas, traça uma sentença
Ou se faz de cego, ou toma providência
Um pequeno gesto, mostra o que se pensa
Quem disfarça o passo, por conveniência
Sonhos são sonhos, e gostoso é tê-los
Mas no desencanto, melhor esquecê-los
Loucas fantasias viram pesadelos
Dizem ser um louco, este caminhante
Mas por vis miragens, já penou bastante
Quando o céu troveja, chuva é abundante