ESTRADA DE VENTO
Sim eu sei.
Eu sei por onde andar, os meu pés estão calejados de tanto pisar nessa estrada.
SIM; Eu sei, por onde andar.
As veredas, os caminhos, as forquilhas de tempo, em que vivi, somando, separando, somando, separando cada passo que eu dei na vida.
Sim, eu sei. Eu sei por onde eu devo ir.
Não queira ensinar-me o Caminho, Pois o meu caminho sou eu mesmo quem faço, num traço de rima, passado presente futuro indecente de um jeito passado.
NÃO! Não. Deixe-me seguir sozinho, pois sozinho eu posso tropeçar e até cair sem que ninguém ria do tombo que eu levei.
Seguir sozinho, é ter a certeza de ser seguido por mim mesmo, sem poder dar satisfação dos meus erros, dos meus acertos das lembranças, das turvas noites em que passo em claro, acordando sonhos, dormindo tempestades de pesadelos medonhos, *FRIOS E SECOS*, como se fosse a estrada do pó, molhada ao ventre da terra.
Não, Não, Não. Deixe; deixe que eu escolha meu caminho, deixe que eu siga na retidão dessas curvas, ou nas curvas certas, nas linheiras, nos vales.
Deixe que meu corpo sinta o cheiro da poeira que me cobre, a cada passo que eu dou. *"Plac, plac, plac, plac"*...
Meus chinelos de sonhos, meus sapatos de duvidas.
As minhas tréguas; os meus anseios, meus caprichos, meus venenos, meus medos, meus ódios , meus medos, meus ódios, meus medos...
Deixe que eu siga espargindo versos. Deixe que o verso "comungue" uma paz interior que chegue ao céu.
Deixe que o céu me enxergue, deixe que a estrada me cubra, com a poeira dos meus próprios passos.
Mas deixe-me seguir. Deixe-me seguir, deixe-me seguir sem a obrigatoriedade do retorno. Deixe-me seguir sem culpa, sem pressa, sem momento, sem tempo, sem tic, sem tac, sem tic, sem tac, sem tic, sem tac.
Deixe que eu siga.
Talvez eu me encontre, exatamente na curva, onde um dia eu me perdi.
30/05/2018
Carlos Silva - Poeta cantador