SAUDADES DO REI
(Samuel da Mata)

O rei foi tirano, cruel, vil, profano e de fúria sem par
Vivia em luxúria, em ouro e fartura, a seus súditos explorar

Ao que disse: culpado, teve o pescoço cortado ou morreu em grilhões
No calor do seu ego e em seu reger duro e cego, dilacerou multidões

E o povo sofrido, entre clamor e gemidos, se ouvia dizer:
Oh! rei avarento, asqueroso e nojento, você tem que morrer!

O rei foi enforcado, seus filhos exilados, para nunca mais retornar
E o povo em euforia, gritava: viva a democracia, vamos nós governar!

Será nossa premissa: igualdade e justiça, seremos todos iguais.
Mas uma tal burguesia, na surdina surgia, mais cruel e sagaz

Capa de igualdade, de justiça e equidade, se passou por irmão
Porém, já faz tanto tempo, só há fome e tormento - grande traição!

Massacrou a pobreza, subtraiu as riquezas, sem as unhas mostrar
E o povo sofrido, faminto e vencido, não sabe mais quem xingar

E quando indagados, sobre quem é culpado, todos dizem: não sei.
Mas são todos unânimes: a um viver tão infame, preferiam o rei .

Não por menor agonia ou por qualquer nostalgia que se queira manter.
É que naqueles dias, o povo ao menos sabia quem deveria morrer.
Samuel da Mata
Enviado por Samuel da Mata em 25/10/2013
Reeditado em 07/09/2015
Código do texto: T4541343
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