Cumade Florzinha

Quando era pequena,

viajei ao Nordeste.

Mas foi uma pena

que não explorei tão bem o agreste.

Não podia ir ao mato sozinha,

muito menos ao escuro

pois uma tal de "cumade Florzinha"

me pegaria por seguro.

Meus primos diziam:

"Do jeito que tu tem este cabelão

e é tão bonitinha,

a "cumade" vai te pôr num calderão

ou vai te fazer de escrava ou filha".

As crianças da rua:

"Ela pega as meninas e corta o cabelo"

Que loucura!

Que desespero!

Não acreditava

mas logo veio a minha avó:

"Neta, ela é um vento

e se mistura com o pó.

Não assobie que ela aparece

e nem diz seu nome em voz alta."

Caramba, que "cumade" mais chata!

Divergentes eram suas descrições:

"Ela tem cabeça de peru"

"Dizem que ela é muito bonita"

"Não, é feia e velha feito um urubu"

Quando passar em Aroeiras, verás

não há criança que de medo dela não morre.

Nunca tinha visto em minha cidade grande

um tão temido e falado folclore.

23.08.2012

Este texto foi escrito inspirado numa lenda que eu conheci na cidadezinha dos meus avós maternos. Não conheço a lenda na integra, me baseei no que lembrava das histórias que ouvi lá em Aroeiras - PB quando tinha apenas 6 anos.

Perle
Enviado por Perle em 25/08/2012
Código do texto: T3849165
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.