Vida na roça.

Acordo cedo, galo no quintá a cantar.

Muiê também acorda cedo,

Faz café pra modo de nós tomar,

Tem cuscuz, tem mantega boa,

Bolo de mio, leite de vaca,

Na roça época de fartura,

Choveu a conta certa,

Pra a plantação aprontar,

Cordo cedo mesmo

pra modo de não deixa bicho me atrapaia.

Celo cavalo trabaiador como eu,

E como eu ele não reclama,

Valente enfrenta o dia de labuta.

Tenho um fiel companheiro

Que ao meu lado vai abanando o rabo.

O nome dele é Pintandinho, místiço como eu.

Vou devagar, pois sei que vou chega.

Como meu pai insinô.

Enxada gasta de cafungá a terra.

Saquinho velho de sementes como capanga,

Fico ali em minha sina orgulhosa,

De nordestino trabiadô, sofredor.

Amo minha terra como minha vida,

Elas se embaraçam, se misturam.

Como sementes na terra brotam em mim.

Trabaiô duro mas bom.

Escolhi não,

herdei de painho.

omi serio e duro como rocha,

daqui nessa rocinha:

tenho luxo não,

meu luxo é o sorriso da muiê a me esperar.

Comida feita nunca vi iguá.

Cheiro parecido só a de mainha.

Cuidava de mim e de panho

Não deixava nada faltar.

Allan Ribeiro Fraga

ESCRITOR FRAGA
Enviado por ESCRITOR FRAGA em 31/01/2011
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