Eu tenho inté pena de Deus
Itaparica-Barra do Pote -BA 87
Minha casa é de tapera
Todinha feita em supapos
Mas quando a muié tempera
Eu como inté num tê papo
Minha casa num tem lús
Minha casa num tem água
O fifó é qui ilumia quando não reluz
A lua; a fonte donde tem água
Dá tanta qui inté faz dó
Vê tanta fartura pruns
E pra outros só vê pó
Eu cá de Deus tenho inté pena
Ter tantos fios prá oiá, ver uns
De tudo tendo, vivendo di prometê
Prosoutros... E nada de ajudá!...
Meus fios nun tem adonde istudá
Si não si prantá não si come
E inda pode tê o vexame
Do home, do sol e a secura
Vim cobrá o que nós deve
Ele querendo a meia e jura
Que nós lhe deve... De quê
É qui nos num sabe? Si do plantado
O risultado foi nada, a cabeça de gado
Morreu uns na invernada e outros
Nesta sicura, a muié inchô o buxo
E troxe mais um fiinho, mais uma boca
Pra sumá nessa miséra a gente qui era
Nove agora já somo déis. E cada vês a boca
Mais nós aperta. E é tanto, tanto aperto
Qui o fio mais véi pareci mais um graveto
A mãe já quasi num anda pra andá já dá
Trabáio a Rosinha é qui agora toma, da
Casa e dos fios conta. Cêdo eu vô pra roça
só vorto de tardizinha levo uns treis fios cumigo
Pro mode me ajudá e assim vê si cunsigo
Trazê armoço e jantá. O resto... O resto...
Só Deus dará!...
Itaparica-Barra do Pote -BA 87
Minha casa é de tapera
Todinha feita em supapos
Mas quando a muié tempera
Eu como inté num tê papo
Minha casa num tem lús
Minha casa num tem água
O fifó é qui ilumia quando não reluz
A lua; a fonte donde tem água
Dá tanta qui inté faz dó
Vê tanta fartura pruns
E pra outros só vê pó
Eu cá de Deus tenho inté pena
Ter tantos fios prá oiá, ver uns
De tudo tendo, vivendo di prometê
Prosoutros... E nada de ajudá!...
Meus fios nun tem adonde istudá
Si não si prantá não si come
E inda pode tê o vexame
Do home, do sol e a secura
Vim cobrá o que nós deve
Ele querendo a meia e jura
Que nós lhe deve... De quê
É qui nos num sabe? Si do plantado
O risultado foi nada, a cabeça de gado
Morreu uns na invernada e outros
Nesta sicura, a muié inchô o buxo
E troxe mais um fiinho, mais uma boca
Pra sumá nessa miséra a gente qui era
Nove agora já somo déis. E cada vês a boca
Mais nós aperta. E é tanto, tanto aperto
Qui o fio mais véi pareci mais um graveto
A mãe já quasi num anda pra andá já dá
Trabáio a Rosinha é qui agora toma, da
Casa e dos fios conta. Cêdo eu vô pra roça
só vorto de tardizinha levo uns treis fios cumigo
Pro mode me ajudá e assim vê si cunsigo
Trazê armoço e jantá. O resto... O resto...
Só Deus dará!...