A apoteose de Orfeu

E nessas multidões de louros

Em que me contemplo em cada ramo,

Vejo as luzes clarearem meu rosto,

Dividindo os raios entre minha boca

E meus olhos. Diante das luzes,

Os séculos futuros iam com seus olhares

Até mim, pois nesse caminho meus

Ecos se tornaram uma via pairada

Na cabeça destes póstumos.

Suas vozes tornaram-se coral:

“Se tu, ó Orfeu, és digno dos sequentes

Do caos e de Gaia, que sejas louvado

Entre nós, os feitos de pó; mas se tu

Não és, deves estar perante a uma

Ala do Parnaso com as musas e os mármores”.

E neste coro repetitivo, viam dos céus

A coroa que a Vitória servia aos

Condenados de sua sina desbravada.

Meus louros, antigos ramos de meu

Reflexo, eram tirados de meu antigo

Pensamento. Nesse instante, a coroa

De louros e meu legado aos solos desta terra,

Eram cravados à face de Clio,

Tornando-me um eterno diante do povo

Que ligará meu espírito aos deles,

Novos Orfeus às novas músicas do tempo:

É Como se eu estivesse atravessando essa

Terra, ainda não inventada, com louros atípicos

Que construirão os novos cantos

No alto de minha retumbante apoteose.

Grande Orfeu
Enviado por Grande Orfeu em 28/02/2024
Código do texto: T8009382
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