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Hermes Trismegisto

Forjou as letras como

Sangue do mundo.

Eu as tornei espírito

Das cousas do universo.

Eu doei tudo ao cadáver-universo.

Cantei-o por ser significante

Aos vermes-do-tempo.

 

O canto pode ser insignificante

Aos ouvidos sem plumas.

Aqueles que ouvem,

Entendem a carne-valor dos sons,

Pelas vozes da vida.

Não encontro sentido sem o canto.

Se os muitos que cantam,

Não colocarem em meus epitáfios

Algo que supra a vala de meu corpo,

Adianto-me, sublimemente,

Que sou além das poesias

Que escrevi e cantei.

Sou memória do mundo.

Sou persona das animálias.

Sou o criador do zodíaco.

 

A antonomásia de poeta

deve descrever-me,

Sem abusos ou absurdos.

Preferiria a pútrida-imortalidade

Sem resquícios de tudo que detenho.

 

A mortalidade-poética é algo

Que me faz além de Orfeu.

Faz-me esperança desesperada.

Torna-me milagres à morte

Que nos subjuga apenas a restos

De versos, carbonos e amoníacos.

Aprisionando-nos em destino.