NÃO TEM CONSERTO
Já dito e sem conserto cala-te tuas frases que sigo meu caminho. Sigo minha prosa, reta e seca, falo o que teus ouvidos não querem escutar, não atravesso e nem tento, vou atrás da mandinga e peço ao orixá que passe este amor passado. Meus burburinhos casuais são afiados e direcionados, reais ou imaginários, são o que sinto e te jogo de volta estas palavras curtas em forma de adeus. Olhos castanhos caídos, baixos e marcados, atentos aos movimentos de sua partida. Não falo mais a sua língua, não entendo mais o que dizes, as letras caíram ao chão disformes e mau arranjadas em suas linhas, não mais compreendi, teu canto agora era agonia. Não me pare ou pergunte, siga agora que já proferiu, calei-me antes pela falta da certeza do que dizer, na duvida, ditado sábio, silencio. Fiquei, esperei, ouvi, agora vou, sem dúvidas, sem gracejo ou titubeios. Meus olhos dizem tudo o que o resto não diz mais, colocam seu ponto de vista literalmente em pratos limpos, limpam tudo, pagam à vista, e deixam todo o fiado sem prestação alguma. Não sou de ver ilusão por ai, sigo sonhos, não falácias. Se vim, é porque quis, se quis é porque sei, se sei, é porque aprendi, se aprendi, tive como aprender, e agora, a historia se inverte com haveria de ser, não vejo, não falo e desaprendo você de meu vocabulário, e agora, apenas, calo-me, e não conserto o que já dito, está acabado.