Coluna Vertebral do Meu Universo
Eu costumo vir aqui muito cedo.
Muitas vezes,enquanto estou fazendo este passeio pelas letras alheias ,chego a desconfiar que estou sozinha .
Afinal, haverá algum outro maluco que entre aqui pra ler e escrever às cinco da manhã?
Duvi-de-o-dó!
Não é ruim.Nem é bom.
É bom ,porque fico à vontade,sem a sensação pesada de ter mil olhos à minha espreita cuidando cada passo meu aqui.
(Já pensou se os outros vissem a quantidade de vezes que precisamos reescrever e retocar os nossos textos ,pra fazer algo que preste ser lido?)
É ruim, porque fico me sentindo meio dona do pedaço,meio deusa onipotente,meio eremita,meio esquisita.
E então, acabo por perceber que quem confere grandeza ao ato da comunicação não sou eu,que estou solitária na tarefa de dizer.
Mas é o outro.Exatamente aquele que lê.
Quando escrevo,faço-o para ser lida e 'digerida'.
Quando leio ,reconstruo a trajetória de um pensamento,acrescentando-lhe a minha própria história pessoal,a minha visão de mundo, e o meu arquivo de informações torna-se simultaneamente tela de recepção e decodificação de mensagens.
A presença do outro é,portanto,fundamento daquele que se comunica.
Não há comunicação ,se não existir alguém dizendo algo a alguém.
Não há comunicação,se não houver algo a ser dito.
Não há comunicação,se não brilhar um olho,se um lábio não tremer,se uma chama ardente não aquecer um coração lá do outro lado.
Há que existir alguém a quem dizer algo.
Ainda que esse alguém seja eu mesma.