Eu, Metades... Inteiras

Sou metade indecisão,
deste poema sem memória.
Da glória de saber-me inteira
no espelho que me oculta, sou
humana, derradeira.

 

Sou fração felicidade

Desta existência sadia

De saber-se mulher alegria

Na confiança que me mostra, sou

Transparente, verdadeira


Sou metade acertos neste
jogo de razões emotivas.
Sou quase palavra rasgada
do verbo amar...
Sou quase o próprio espelho
dos meus olhos profundos.

Sou pedaço flutuante

No mar das palavras soltas

Sou pouco menos que tudo

Um nada buscando saber

Sou aquele ser quase demente

Que na ilusão não mente...


A imensidão do mar afoga-me
e eu gosto disto.
Sou indecifrável, quando estou
assim, vulnerável a mim...
Sou pronúncia afável, dita
sem pressa, não sei ditar as
regras...

 

A quietude da lua inspira-me

E eu versejo.

Sou compreensível, quando

Abro meu coração

Sou assim como brisa rebelde

Tentando ser furacão

 

Então, vôo solta na incompreensão alheia

Os que pensam tudo saber

E a Lua, sorri-me

Satisfeita

Sabe que não sou perfeita

Sou uma metade, louca

E outra lucidez...

Discordo da lua,

Não vivo com brilho alheio

Deixo- minhas metades

Apenas acontecerem...


Então, deito- me na concha
dos meus pensamentos...
E o mar, leva-me...
Sem pressa de saber-me
tão intensamente humana,
reviro- me ao sabor das ondas,
do vento, das memórias...

LuciAne

Denise Severgnini