ELIAS

O Profeta Elias foi o maior profeta bíblico da história tanto de Israel quanto da humanidade depois do Precursor do Messias, João Batista, que curiosamente detinha o mesmo valor do antigo profeta hebreu. Elias é o único profeta judeu homenageado com sua representação esculpida na Terra Santa, uma belíssima imagem no Monte Carmelo, cuja representação escultural não objetiva nem estimula a idolatria, antes constitui um objeto incentivador do ânimo à investigação e ao estudo mais acalorados, impulsionando o visitante do Mosteiro Murahga a buscar mais entendimento e conhecimento desse homem extraordinário que desafiou a poderosa rainha Jezabel.

A figura simbólica lembra, principalmente, a disputa desse homem de D’us contra os profetas de Baal, pois que o pé da representação esmaga a cabeça de um dos profetas idólatras, nos fazendo ouvir o homem de Deus gritar dentro de nós: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o, e se Baal, segui-o (1 Rs 18:21b).

Após a Transfiguração, os discípulos fizeram uma intrigante pergunta ao Mestre e Rabino Jesus de Nazaré: Por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro? (Mt 17:10). Os seguidores do Messias estavam se referindo à profecia de Malaquias: Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor (Ml 4:5). Foi bastante razoável tal pergunta, e extremamente oportuna. Talvez a resposta do Messias não tenha sido suficiente nem satisfeito plenamente o desejo de desvendar este mistério dos discípulos: Em verdade Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas; mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do Homem. Então entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista (Mt 17:11-13; Mc 9:11-13;). Eu mesmo achei, no princípio de minha fé, ainda que não tivesse coragem de assumir publicamente, o esclarecimento de Jesus bastante evasivo, como se fosse apenas um subterfúgio para fugir de uma dificuldade... Sinceramente eu vi a resposta de Jesus como uma astúcia para esquivar-se do assunto e se safar de uma pergunta incômoda e desagradável... Mas, estudando a fundo a questão me deparei com a maravilhosa e mui profunda revelação:

O anjo Gabriel disse a Zacarias, o pai de João Batista: ‘Ele’ será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu D’us. E irá adiante dele no ESPÍRITO E VIRTUDE DE ELIAS, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto (Lc 1:15-17).

Um motivo, a meu ver, bem plausível (Rm 11:8) dos judeus terem repugnado a Jesus como Messias, entre muitas outras coisas, é o fato de que antes da manifestação do Messias, Elias teria de vir antes, conforme Malaquias profetizou. Embora João Batista tenha sido profetizado por Isaías (Is 40:3-5), como muito bem lembrado pelo evangelista Marcos (Mc 1:1-3), ficaria difícil para os rabinos judeus entenderem que ele seria o Elias vaticinado. No entanto, é óbvio que em ambos os surgimentos do Messias essa profecia deveria ser criteriosamente atendida. No primeiro advento do Messias judeu Yeshua, ele deveria satisfazer os requisitos do Messias Ben Youssef, o Messias sofredor (Is 52:13 – 53:12), ao que Jesus cumpriu cabalmente; e, no Segundo Advento, Ele será o Messias Ben Davi, um genuíno judeu da linhagem davídica que governará os judeus e o mundo na era messiânica, o Sétimo Milênio (Ap 20:4). É neste período que o Verdadeiro Elias VOLTARÁ, cumprindo de forma cabal a profecia de Malaquias 4:5: Eis que vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor.

Veja bem o que Jesus mesmo disse a respeito de Elias: Em verdade Elias VIRÁ primeiro... Mas Elias JÁ VEIO... (Mt 17:11-12). Jesus trata o ressurgimento de Elias em dois tempos verbais distintos: Futuro do Presente, tempo verbal usado para designar um evento que ainda não aconteceu; e Pretérito Perfeito, fazendo alusão a uma ação passada. Ou seja, ELIAS JÁ VEIO, MAS VIRÁ. É bastante complexa essa afirmação, e até paradoxal: De fato o verdadeiro Elias veio antes de Jesus de Nazaré (1 Rs 17:1 – 2Rs 2:11), mas é racionalmente coerente afirmar que Jesus não falava de Elias em sua época, pois, à luz da razão e do bom senso, até mesmo os discípulos, de curta memória, compreenderam o enigma (Mt 17:13), visto que a afirmação do Messias era categórica: Porque todos os profetas profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir (Mt 11:14).

O Messias teria, como já foi e será, de ser antecedido pelo profeta Elias. Em Sua primeira Vinda, como Salvador do mundo (Mt 1:21), ele foi precedido por João Batista, no poder e eficácia de Elias (Mc 1:3; Lc 1:17; 3:4); no Segundo aparecimento Ele será, também, antecipado por Elias, que é, com certeza, uma das duas Testemunhas do Apocalipse (Zc 4:11-14; Ap 11:3-6).

Não tenho ousadia suficiente para afirmar que se dará o que abordarei a seguir, porém, deixo a critério do leitor avaliar se essa possibilidade pode, realmente, ou não, ser um caso genuíno com autenticação da Palavra Profética:

E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o dragão. E exerce todo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada. E FAZ GRANDES SINAIS, DE MANEIRA QUE ATÉ FOGO FAZ DESCER DO CÉU À TERRA, À VISTA DOS HOMENS. E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e vivia, e foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta (Ap 13:11-15).

Esse FALSO PROFETA especificamente é de uma categoria ímpar. Ele não é simplesmente mais um na lista de falsos profetas anunciada por Cristo ou por Paulo (Mt 24:11; 2 Tm 3:1-9; 1 Tm 4:1-2), não... Ele é “O” Falso Profeta, onde o artigo que antepõe o substantivo define-o como indivíduo único, dando-lhe particularidade e propriedade de especificidade, mostrando que este homem é determinado em seu propósito e resolutamente perseverante. Assim como Jesus teve o profeta João Batista (Elias) que o antecedeu, e o antecederá; também o anti-Cristo terá o seu falso profeta validando suas ações e sua identidade. Ora, até Simão Bar Kokhba teve seu profeta (falso), Yosef Ben Halafta, que sucedeu o também falso profeta Akiva. Esse Halafta bem que podia ser parte do cumprimento da profecia de Daniel 7:25, visto que alterou o calendário judeu para forçar o tempo a manifestar oposição à messianidade de Jesus de Nazaré (1 Jo 2:18; 4:1-3; 2 Jo 2:7).

Repare bem: Se Jesus teve um profeta que o precedeu, e por um tempo lhe foi contemporâneo, você não acha válido consentir que o anticristo também terá o seu profeta? E se esse falso profeta “cumprisse” a antiga profecia de Malaquias 4:5? Embora o sufixo ‘anti’ exprima noção de oposição, pois que esta é a real intenção do Iníquo referente ao Criador e ao Messias, ele forçará sua aceitação constrangendo o mundo, principalmente os judeus, óbvio, a recebê-lo como o restaurador de todas as coisas, conforme Amós, e confirmado por Tiago em Atos: Naquele dia tornarei a levantar o tabernáculo caído de Davi, e repararei as suas brechas, e tornarei a levantar as suas ruínas, e o edificarei como nos dias da antiguidade (Am 9:11; At 15:16).

Esse falso profeta será análogo ao profeta Elias, repetindo as “mesmas” obras do antigo profeta judeu. Como Janes e Jambres resistiram a Moisés (2 Tm 3:8), este ser maligno resistirá à verdade fazendo-se nela: Elias fez fogo descer do céu (2 Rs 1:12), da mesma forma que este manipulador o fará (Ap 13:13); Elias fez o espírito voltar ao corpo de uma criança que morrera (1 Rs 17:21), de igual modo que a segunda besta concederá espírito à imagem da besta, dando-lhe “consciência” (Ap 13:15); e ainda pode ser que a ferida mortal restaurada, infringida ao anticristo, seja uma falsa cura deste impostor (Ap 13:3,12), para enganar, se possível, até os escolhidos (Mt 24:24), simulando a ressurreição de Jesus de Nazaré.

Se eu tivesse coragem eu afirmaria que o falso profeta se fará passar por Elias, cumprindo a profecia: Eis que vos enviarei o profeta Elias, antes que venha... o dia do Senhor (Ml 4:5); e que o verdadeiro Elias será vencido pelo falso Elias (Ap 11:7), fazendo com que os moradores da terra se regozijem com a vitória da besta e do falso profeta (Ap 11:10). O Falso Profeta se fará passar por Elias se dizendo cumprir a profecia de Malaquias (Ml 4:5) que antecederá o surgimento do Messias. Sendo assim o anti-Messias apresentará o Falso Profeta indicando-o como cumprimento profético, argumentando que Jesus de Nazaré não cumpriu tal profecia ao que Israel aceitará de bom grado.