O Dia que um Pregador Desceu do Púlpito para Pedir Perdão

Em 1999, um jovem pastor conhecido por Márcio Lucena, presidente da Igreja Metodista Pentecostal Nova Betel, estava num culto em sua igreja quando iniciou uma pregação sobre o sofrimento e a crucificação de Cristo motivado pelo amor à humanidade e para a remissão dos pecados. Durante sua mensagem, Livinstone, um senhor de outra denominação que havia ajudado a igreja deste pastor quando ele ainda era diácono, entrou pela porta do templo.

Desde sua época como diácono, o pastor nutria indiferença por Livinstone, desconsiderando seu jeito de ser por pensar diferente. Embora muitos membros da igreja notassem essa atitude, ninguém se atrevia a comentar nada.

Durante a pregação, ao ver Livinstone sentado na primeira fila, o pastor sentiu um desconforto crescente. Apesar de saber que estava errado, seu jeito de ser o impedia de reconhecer isso. Contudo, incomodado pelo Espírito Santo, interrompeu a pregação e se dirigiu à congregação dizendo: "Não posso pregar sobre o amor de Deus se eu não o vivo. Preciso fazer uma coisa."

E assim, o pastor desceu do púlpito e foi até Livingstone que estava sentado na primeira fila e pediu para que este se levantasse. Olhando em seus olhos, declarou: "Meu irmão, o senhor nunca me fez nada. Não entendo minha indiferença contigo. Mas, em nome de Jesus, me perdoe por tudo que fiz e falei contra o senhor ao longo dos anos!" Livinstone, após esperar tanto tempo por aquele momento, abaixou a cabeça e começou a chorar. Os dois então se abraçaram como se fossem pai e filho e o Espírito Santo se derramou sobre a igreja, pois ali houve confissão de pecados e também o perdão por parte do irmão.

Quando o jovem pastor voltou ao púlpito, suas palavras agora tinham unção e poder. O culto se tornou inesquecível; muitos saíram renovados e curados.

Quase dois anos depois, Livinstone adoeceu gravemente devido a uma infecção renal e faleceu. O jovem pastor ficou triste pela perda do grande amigo, mas seu coração estava em paz. Anos depois durante uma pregação relembrou a história e declarou: "foi naquele dia que Jesus me libertou da arrogância que me cegava".

Essa história nos ensina que não adianta pregar carregando mágoas. Precisamos avaliar nossas atitudes e tratar todos igualmente com respeito. Jesus nos deixou "As Bem-Aventuranças" (Mateus 5:3–12) como um exemplo de como devemos agir e tratar o próximo.

Precisamos compreender a importância de combater o orgulho e de sermos tolerantes com as "imperfeições" dos outros, uma vez que também carregamos nossos próprios defeitos. Embora não os enxerguemos claramente, acredite, os outros os percebem nitidamente; caso contrário, não se incomodariam tanto.

Além disso, é fundamental reconhecer que, muitas vezes, as pessoas não são "tão loucas" quanto pensamos ou como o inimigo deseja que as vejamos. O que falta é conhecê-las melhor, conversar pessoalmente e cultivar a amizade, em vez de basear nossos julgamentos em suposições ou no que os outros dizem. Lembre-se: pessoas que carregam mochilas cheias de mágoas não entram no céu.

"Se passasse por uma situação semelhante, ou por algo que alguém tenha contra mim, penso que não seria vergonhoso descer do púlpito novamente para pedir perdão. Não há sentimento mais profundo e benéfico do que perdoar e ser perdoado, e não há ato mais nobre e honroso do que reconhecer os próprios erros e buscar a reconciliação. Tal ato agrada profundamente o coração de Deus, além de, quebrar maldições". (Pr. Márcio Lucena)