destino
eu particularmente esperava que alguma coisa grandiosa acontecesse, que existisse algo no céu, no misticismo, nos orixás, em meio as ondas do mar ou no sol esquentando a pele que pudessem, pelo amor dos deuses, alinhar a vida.
queria alguma coisa já escrita e que não dependesse de mim, já certa para acontecer, delineada minuciosamente por forças superiores que explicassem os porquês mas com resolução provinda do universo, fora do meu controle.
mas sim, universo. este enquanto dimensão inalcançável; eu queria uma dimensão inalcançável para chamar de minha, odiosamente distante da minha culpa, sem nenhuma probabilidade de responsabilização, totalmente fora do meu controle.
depois de uns anos, tudo faria sentido sem que eu tivesse que elaborar, apenas cairia como um desfecho de um filme, sobretudo sendo eterno.
eterno também é universo em sua dimensão inalcançável e gostaria com todas as forças mais viscerais e desesperadas uma forma inexistente de viver, quase que cinematográfica: duas horas e acabou.
seja lá o que fosse, acabaria entregue ao infinito depois de um enredo já roteirizado e devidamente ensaiado;
e sob o controle de sabe se lá quem.