QUEM COME SOZINHO ENGASGA SOZINHO

A fome de afeto é uma realidade, uma necessidade que a imbecilidade não deixa o enxergar aquele que tem como guia a ganância. A tolice ensurdece o ouvido da alma capturada pelas armadilhas do sistema, e a ideologia capitalista doutrina a pessoa desde o berço. Ninguém nasce pobre nem rico, caso contrário nasceríamos vestidos e, com pelo menos quatro bolsos. Deus criou o homem, a cobiça dos olhos inventou a roupa, um outro espertalhão pensou, é preciso acumular: os bolsos. O banqueiro começou como cambista nas primeiras feiras medievais, trocando moedas sentado em um banquinho rude, e enquanto o banqueiro ia emergindo entre os burgueses, o povo aproveitava para se divertir. Mulheres muçulmanas dançavam, palhaços faziam suas palhaçadas, homens fazendo suas magias e truques baratos, uns andavam de pernas de paus. A diversão não permite ver que alguém crescia sentado naquele banquinho, e ali se praticava a luz do sol a usura que tanto era condenada pela Igreja, depois os mandatários da religião passou a gostar daquela palavrinha mágica que os capitalistas inventaram: lucro. A religião passou a reforçar aquele modelo de sociedade, nasce assim o livre comércio, e quem fica preso? O consumidor. Como se vê, a diversão foi um mecanismo de controle, e a pessoa fica presa pela distração enquanto é subtraída, espoliada e, roubada. Eles vão dizer que é honesto, só um ingênuo acreditaria nisso. A magia do entretenimento que era praticado nas feiras medievais tinha um propósito, a burguesia sacou o lance da diversão, se apropriou até das artes visuais, e os mescenas financiavam os artistas, porque ao ver no Renascimento a grande oportunidade, fez daquilo que era pra libertar o ser humano -a Arte- a propaganda pra espalhar uma ideologia: a do homem livre nos negócios, mas preso pelos interesses da alma asquerosa e gananciosa daqueles que lucram. O homem do banquinho virou banqueiro, virou um agiota legal, amparado por lei. Mas vá fazer o que aquele velho camelô fez no passado! Alguém grita: Olha o rapa! Sai todo mundo correndo. Quem.pilhou no passado virou burguês, patrão, dono do negócio. Mas quem pilhar hoje por essa mesma gente que cresceu roubando, agora é criminoso, bandido e ladrão. Vivemos num sistema que se formou assim, pilhando, roubando e matando. E esse mesmo sistema criou códigos de uma ética que nunca tiveram seus precursores, passou a falar de moral, o ventou a liberdade de ir e vir, mas só vai quem pode e volta se puder pagar depois: nos feudos tinha pedágio, hoje nas rodovias eles existem, e se não pagar, a cancela não abre. O egoísmo congela o coração daqueles que concentram grandes riquezas. Muitos vão morrer na fartura, sabendo que milhares não têm o básico. Gasta-se bilhões só pra dar uma volta de 10 minutos no espaço, para depois uma cápsula com os seis passageiros pousar no interior do Texas, por volta das 10h40 (horário de Brasília). Alguém pensando no lucro já quer empreender e fazer aumentar sua fortuna levando turistas para uns minutos de prazer no espaço com tanta gente aqui sofrendo. Quantas moradias populares poderia ter feito? Quantos poderiam ser alimentados? Eu não duvido se alguém me dissesse que alguns pobres comemoram, mas esse pobre mal poderá tirar os pés descalços do chão, e o máximo que consegue é pegar uma condição lotada para ir trabalhar e retornar. Comemorar o feito de um bilionário? Pois é, tem pobre que comemora. Pobre sue se orgulha do patrimônio de alguém que constrói sua riqueza a custa dos outros. Já vi pobre babando ao falar de alguém muito rico as custas dele, como se fosse ele o dono daquele patrimônio.

É mais fácil contemplar a comunhão entre os pobres, pois, quem tem a mesa farta, almoça com a solidão, e quem come sozinho, engasga sozinho. Você pode possuir muita riqueza, mas não terá verdadeiros irmãos, entre os amigos. Os interesseiros estarão no velório, imaginando quem irá ficar com a herança.

ONILUAP ONABRA
Enviado por ONILUAP ONABRA em 26/06/2024
Código do texto: T8094342
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