Novo Tratado de Tordesilhas

No disco "A panela do diabo", composto por Raul em fim de carreira e o discípulo iniciante, Marcelo Nova, em uma das músicas, Eles cantam assim: "

Até que parece sério,

Mas é tudo enganação,

Eu sei que tem muita estrela e pouca constelação".

Os mendigos elitizados de SP se dividiram em duas classes: os coxinhas de direita, com dizem os esquerdopatas, campeiam votos na multidão de religiosos. Com a Bíblia nas mãos, um terço rezava o terço e dois terços, cantando tercetos, semana passada foi a vez dEles.

Já os mendigos, obviamente do alto escalão, de esquerda, garimpam alguma coisa para as urnas, junto aos adeptos à sopa de letrinhas, que também se apresentam com as cores do arco-iris. Só eles sabem o por quê se parecerem com as cores do arco-iris, fenômeno físico de rara beleza, produzido pela dispersão do volume de água, na qual forma-se uma finíssima lâmina, via de regra em queda livre, disposta contra os raios solares. Esse final de semana quem dará o tom, o brilho e o colorido à Paulista, serão Eles. O bicho e a bicha vão pegar...

No meio, está o Centrão, que estilo bêbado sob ventania, é tocado para qualquer lado: direita ou esquerda; e por não cheirar e nem feder, quem pagar mais, leva.

E você leitor, que mendicância pratica? Como lido, desde que servidos com uma porcão de ração, água, um cachorro quente, um pacotinho de miojo lamen e um pirex de leite, política em SP, bem como no Brasil de Norte à Sul, é balaio de cães, mendigos e gatos; quase nada diferente dos tempos da política do cabresto, na qual prevalecia ARENA e MDB.

Não vem dizer que és anarquista e se auto-governa, mas bate cartão na fila assistencial do leite, do bolsa família, do vale gás, do vale transporte. Aliás, sobre meio de locomoção, o mendigo mor de SP liberou ônibus gratuito aos domingos para os mendigos sem carro, sem bicicleta, sem jegue, sem duas pernas.

E Eu, que mendigo sou? Escapuli da barafunda pela saída de emergência, cuja porta, bota, não corta-fogo; vindo parar no alcantilado "lucidez, dignidade e decência". Daqui, sinto-me Cristo, escrevendo sobre o visto, por que diante de tudo isso, milagrosos são os necessitados de pão e circo; o que convenhamos, é uma palha assada, alimentando os os Senhores da Província e não menos, a manada de mendigos.

Deveras, política no Brasil é Panela do diabo, na qual tem muita estrela, sopa de letrinhas, coxinhas, Nutella e pouca constelação; com a diferença: nem as estrelas e nem as constelações possuem brilho próprio, mas no entanto, apresentam as sete cores do arco-íris.

# Cunha de aço

Cristo disse: "negue a si,

E segue-me".

Acima de tudo,

Deus está;

Onde as vistas alcançam,

Acasos, casos e ocasos;

Abaixo,

Os pés no chão;

Trôpego,

Mesmo cambaleante,

Caindo e levantando,

Perseverante,

Vida que segue.

Madeira cheia de nós,

Racho lenha;

Nos jardins,

Colho flores;

No pomar,

Colho frutas;

Feito o doce de leite,

Raspo o tacho;

Aff,

Cunha de aço!

Se Cristo disse, o que disse,

Siga-me os fortes,

Digo Eu.

Se isso sou,

Desistir é verbo sem significado,

Razão pela qual,

Por mim,

Jamais conjugado.

É,

Pela ligeireza do séquito,

Continuarei minha caminhada insólita;

Eu e Deus,

Deus e Eu,

Somos dois,

Seguindo sós.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 02/06/2024
Reeditado em 06/06/2024
Código do texto: T8076623
Classificação de conteúdo: seguro