Lágrimas em penumbra
Meu rosto sente o frio do chão na penumbra noturna, deixado assim por você ao dizer adeus. Minha cabeça se esvaziou como morte súbita e deu seu devido espaço a dor. Lágrimas entre os dedos, rolando o rosto, inundando a alma e a mim. Um espaço estranho se formando no borrão da minha auto-imagem. Um julgamento ilícito repetindo várias e várias vezes: a culpa é minha, a culpa é minha, a culpa é…
A dor é de te amar mais do que a alma pudesse aguentar. O frio que sinto, como choque resplandecendo as lágrimas, são sinais de que no chão desmanchei-me. Mais do que meus ossos pudessem suportar. Estou com queda declarada e vazio escancarado. De ouvidos encalados e olhos embaçados.
Meu choro é de alma. Desejei não te perder enquanto você dizia “não quero você”. Rejeitou a mim, meu amor, com um pouco de dó e um certo senso de decisão. A voz foi declarada, a sentença aplicada e a prisão em minha cabeça recebeu você. Pois o amor antes de assolar sua pele, te aprisiona. Enquanto a noite segue seu açoite, retorno sempre em uma única pergunta:
Tu amou a mim, o mesmo tanto que ainda te amo?