Quem sou eu?
Sou o mesmo menino que desde os cinco anos sabe que é diferente da maioria, que se sente diferente e pensa diferente. Sou ainda a criança que não conseguia fazer e man(ter) muitos amigos, que baixava a cabeça para a opinião alheia, que tinha receio de discordar, que fugia de briga e que, se não conseguisse fugir, não conseguia fazer nada além de chorar.
Sou aquele garoto que muitas vezes desejou não estar em sua própria pele (literalmente) que queria ter uma voz mais grossa, que queria ter uma voz, na verdade, qualquer voz. Que buscava um jeito mais masculino, impossível para ele alcançar. Que desejava, de coração, fazer parte de algo, mas que não conseguia se encaixar. Que se sentia errado, mesmo sabendo quando estava certo, que negava o que sentia, por medo de ser descoberto, que só deixava no mundo das ideias a vida que queria viver, o desejo que queria satisfazer, a loucura que queria ter.
Sou ainda o homem que busca se libertar, que as vezes abre as asas para voar. Que descobriu que não era menos homem que ninguém, que não precisava mudar para deixar feliz alguém que não fosse ele mesmo. Sou esse, mas que ainda e de vez em quando, sente-se ou senta-se subjugado pelo mundo que habita, pelas pessoas que para seu mundo convida e pelas certezas que ele mesmo duvida.