A fatídica retórica.
O amor é apenas um discurso, ausente a reciprocidade no cuidado. Traz consigo a atraente aparência de imenso, intenso e até mesmo eterno.
É como uma imensa e arrebatadora expressão matemática, a ser resolvida de súbito, eivada de símbolos e envolvendo todas as operações, números racionais e irracionais, expressões numéricas com chaves, parênteses e colchetes, tudo isso multiplicado pelo nada, um reles conjunto vazio, representado pelo número de grandeza nula, o zero.
Eis que a expressão, propositalmente enorme, foi abordada com afã, passo a passo e, cautelosamente, com o medo de se perder nas perigosas antecipações. Tudo é puro sugestionamento. Na verdade, nem carece de raciocínio, basta ir-se direto ao final da ilusória expressão.
Por outro lado, nada de tudo é perdido, há o aspecto consolador, é que experiências e aprendizados adquire-se nos ínterins ou nos recomeços e não como pretendido, no parco dualismo dos desfechos, de porvires, habitualmente, frustrantes.