Amor então, também acaba?

Título se refere ao primeiro verso do poema "amor" de Paulo Leminski

O tenho decorado na mente desde 2018, era contracapa de meus cadernos da época

É curtinho, basicamente diz que, pra Paulo, o amor não acaba, se transforma

Em raiva, ou em rima

E eu acho isso também

Quando se ama de verdade alguém

Esse amor nunca acaba

Não tem como desamar um amor

Ele pode até perder seu calor

Pode diminuir, aumentar, se esconder

Se transformar em outros sentimentos

Mas acabar? Nunca acaba

Achava um absurdo quando criança

E via nas novelas as pessoas amando

Amando duas, três, aqueles dramas de sempre

E não entendia, achava um absurdo

Hoje percebo quanto amor ainda carrego comigo

Realmente, humanos foram feitos pra amar

Só não foram ensinados a amar direito

Amam extrapolado, sem limite, sem rodeio

Não sabem ter o amor um de cada vez

Querem todo amor do mundo pra ontem

O tempo inteiro

Sem nunca acabar

Problema é que não acaba

Acumula, enrola, esconde, transfere

Mas não acaba

Você sabe, paciente leitor,

Lidar com todo esse amor dentro de si?

Essa é a minha maior missão diária

Tenho aprendido ao menos a organizar

Todos os amores que guardo comigo

Tem amor que é lembrança boa

Tem amor que merece continuar escondido

Tem amor atrevido, que quer sempre prioridade

Se organizar direitinho, eu consigo amar todos esses amores

Sem deixar de me amar

Imagina só? Aah, como eu iria amar se isso acontecesse

Mas amor é bicho solto

É gato que vive na rua

Consome o que quer, quando quer, como quer

E você que se vire com o que sente

A Musa Irregular
Enviado por A Musa Irregular em 14/09/2023
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