O que sobra

Quando uma relação termina, por mais que os motivos do fim estejam escancarados, eu ainda me questiono por meses a fio como deixamos chegar ao fim daquela maneira.

Mil e uma perguntas sem resposta todos os dias.

Lembranças reformuladas dezenas de vezes em busca de algo que não percebi no momento, mas que estava lá.

Eu sou dessas que mexe na argila até ela secar

Mesmo com a massa já craquelando, quando nem água mais resolve, eu não largo, continuo o manuseio até não restar mais nada.

Isso me mata todos os dias.

A falta de diálogo também me afeta muito, eu não ter noção do que a pessoa sente de verdade é o pior inferno pra mim. Na minha cabeça eu estou sempre dizendo como estou e gostaria que a outra pessoa fizesse o mesmo. Mas vocês homens são esquisitos, não sabem falar sobre as coisas que sentem, sobre o que passou, nem parecem querer aprender.

Comecei a ficar com uma pessoa que desde o primeiro contato há anos atrás eu senti confiança, já tivemos inúmeras conversas pessoalmente e nosso contato virtual é mínimo, eu gosto muito disso. Nos últimos tempos comecei a ponderar se era bacana pra mim ficar só com essa pessoa. Não com a intenção de ter um relacionamento, ao menos não ainda, mas manter um contato mais estável.

Foi engraçado porque minha mente me levou pra outro lugar após isso. Eu costumava sair com essa pessoa e com outra moça, rolê comum e normal de jovem. Beber, ver gente, fofocar.

A pessoa com quem eu me relacionei, sempre se incomodou muito com essas duas pessoas. Com o rapaz eu até entendo, mas com a menina? Eles sempre tiveram um contato turbulento entre si. Como se eles se alfinetassem sem deixar claro para mim que estava no meio disso tudo. Somente hoje eu notei aquela tensão sexual bem levinha, muito bem velada.

Daí vem a falta de comunicação que me faz tanto mal. Minha pessoa nunca me contava nada. Até hoje não sei o tipo de mulher que ele gosta. Pelo que se atrai. Quais foram suas tretas. Tipo de coisa que na minha cabeça é natural de conversar com um parceiro. Afinal, as pessoas com quem nos envolvemos ou pensamos sobre, de certa forma, fazem parte de nós.

E assim é gerada mais uma pergunta sem resposta pra eu carregar até o buraco pra onde vou no fim da vida. O que será que ele sentia por ela? Alguma coisa eu sei que tinha. Nunca vou saber. Já não tenho contato com nenhum dos dois.

A Musa Irregular
Enviado por A Musa Irregular em 13/09/2023
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