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Vinte e três de agosto, de dois mil e vinte e três.

Terça-feira. Brega isso de escrever os números por extenso, né?

Cada dia me sentindo mais ridícula, percebendo cada vez mais as coisas e as atitudes que eu tenho tomado. Mas isso é bom. Antes eu vivia e não percebia.

Hoje cada detalhe meu eu noto, e puta merda, que pessoinha sebosa de lidar.

Quero me isolar do mundo e viver no mato. Quero um altar com uma estátua dourada de mim mesma no meio da praça.

Como faz pra lidar com esse desejo por atenção e indiferença? Talvez algum dia eu descubra. Ou não.

Acho que essa raiva de mim mesma é de perceber o quão passiva eu fui pra viver a própria vida. O quão ativa eu fui pra melhorar a vida dos outros.

Acho que essa raiva é o despertar. Talvez o próximo passo seja acolher minhas sombras e dar aquele gás nas minhas virtudes.

Estou mais rígida. Não aceito mais qualquer merda. Nem dos outros, nem de mim. Mas isso não muda da noite pro dia. Ainda há mil e uma recaídas de comportamento.

Essa fase da transição é tão ruim. O pior é não ter um destino final.

Mas acho que eu nunca estive tão feliz por saber que hoje estou no meu caminho. Eu e eu, no meu caminho.

A Musa Irregular
Enviado por A Musa Irregular em 23/08/2023
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