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Dez da noite. Quarta feira.

Nesse momento eu iria pra frente da farmácia esperar você sair, ou estaria apavorada por não ter conseguido arrumar tudo o que planejava em casa, esperando você chegar.

Pizza ou pastel? E se a gente comprar um vinho e fizer uma janta?

Banho. Cama.

Assistir até o estresse do dia se esvair e o corpo entender que está em casa e que está tudo bem.

Uma foda embaixo da coberta, porque tá frio, sua corrente no meu queixo e você esperando eu autorizar sua entrada. "Sempre", meu bem.

A gente ri até cansar, o sono sempre te busca primeiro e eu deito nas suas costas.

Seu cheiro, sua temperatura, a textura da sua pele, a coberta impedindo que eu saia do melhor lugar do universo. Como foi bom dormir contigo todas essas noites.

Acho que a noite é mais difícil.

De dia cada um tinha suas coisas, nem todos os dias eram nossos, ainda mais os últimos, cada um com suas obrigações que não batiam umas com as outras.

Mas a noite, aah, raramente uma noite que não fosse nossa.

Hoje entendo que nem todas eram perfeitas. Eu bebia, não conseguia dar conta de tudo, as vezes você chegava e tinha de me ajudar com algo ou íamos pra sua casa só pra não olharmos pra qualquer resquício de trabalho meu.

As vezes eu estava triste ou chateada, sentia falta de casa, das outras pessoas que um dia fizeram parte da minha vida, as vezes eu queria sair e ver gente, mesmo que isso fosse deprimente. Mas no final mesmo, nada mais valia do que deitar nas suas costas e ver a sua respiração estabilizando enquanto pegava no sono. Era bonito.

Torço por você, Riqueza, espero que esteja bem.

Viva infinitamente, se conheça, saia dessa armadura que a vida conduziu você a fazer.

Eu sempre vou amar você, isso nunca vai mudar. Sempre fui e sempre serei sua, infelizmente você sabe disso.

Mas eu não posso mais ter você presente. Isso me consome e está me matando. Preciso deixar você ir.

A Musa Irregular
Enviado por A Musa Irregular em 16/08/2023
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