O dom de não se surpreender. 

 

     Tudo o que nos sucede, por mais que neguemos a possibilidade, está fadado a mais cedo ou mais tarde, precipitar-se nas profundas valas do esquecimento.

     O tempo é um paciente diretor que molda o cenário, a fulcrar-se nos sentimentos, por sinal, outrora jurados irrevogáveis. 

     Mas esse enigmático tempo maestro, traz consigo o cristalino conhecimento da fragilidade do caráter humano, conhece o exato momento de cada nota, cada acorde, assim, os vindouros cenários se formarão conforme a música e somente aos ineptos surpreenderão. Basta-nos um raso conhecimento sobre campo harmônico de um tom e saberemos, como o sabe o diligente tempo, qual o futuro acorde a ser executado.