abrupto
o que eu deveria fazer com a palavra? dita, verbalizada, mastigada, deglutida, escarrada, expulsa.
o que era pra ser feito com as frases que diligentemente registrei e agora se materializam; seja nos sonhos, seja em expressões comportamentais não calculadas. tão automático quanto abrupto.
e o que fazer com a verborragia que palpita na falta de sono ou durante a dormida?
a lacuna gigantesca deixada pela palavra, expulsa na frase para fora de quem a disse, e vomitada em quem a ouviu.
me fogem as palavras, me foi delimitado o local de receber o escarro, o escárnio e a coragem para agir depois como se nada tivesse acontecido.
me fogem as palavras ou as tiram de mim? qual responsabilidade é a minha com essas palavras que nem disse? impregnaram o ambiente, mas não só. nem saíram por essa boca que aqui vos fala, que se entreabre em choque, depois abre ainda mais durante a tentativa de tomar fôlego; que leva a expulsão, ainda que não seja da palavra.