Lua Nova
Sabe por que eu gosto da lua? Ela encanta o céu à noite. O mesmo céu que é uma imensa tela negra pontilhada por lúmens do universo que à nossa imaginação formam linhas, desenhos ou alguma coisa qualquer. Admirar o corpo celeste que reflete a luz do sol me ajuda a desviar-me do fato de que a solidão e vastidão do universo me desesperam. O problema não está em sentir-me pequeno ou insignificante, mas o de sentir-me pequeno ou insignificante dentro de minha própria escala e dimensão.
Nos dias de lua nova procuro o que me parece ser o vulto da dama de branco. Creio que uma vez por mês ela se põe de luto por um motivo que não conhecemos. Ao encontrá-la nesse estado presto meu respeito e tento consolá-la por aquilo que aparentemente a deixa triste. Aparentemente.
Tenho meus dias de lua nova e ela quem me faz sorrir. Seu brilho, seu encanto e, às vezes, o seu sorriso me fazem esquecer dos problemas e viver dentro de uma pintura cuja a base negra me transmitem vazio e imensidão. Me transmitem paz e guerra... alegria e tristeza. O equilíbrio do não sentir e do simples admirar. A rainha da noite me ensinou e me ensina com o seu simples e mais sincero silêncio. Ela me obriga a ocupar nosso diálogo com meus pensamentos e me obriga a falar o que guardo no âmago do meu ser. Quando não desejo falar a simples correspondência do meu silêncio já me basta. A lua me faz ouvir a mim mesmo, seja a minha voz ou meu silêncio. A lua é sábia. A lua é triste, solitária, cercada de pequenas luzes, mas nenhuma capaz de escutá-la e ela, incapaz de lhes falar qualquer coisa. Resta a mim ser sua companhia. Resta a mim admirá-la. Resta a mim conversar com ela. Quando eu me for restará a outro fazer o mesmo porque me tornarei mais um dos pontinhos luminosos no céu. A lua, então, se vestirá de negro e ficará de luto pelo seu amante.
“A meu amado dou o meu amor, mas nunca a completude do meu coração para que quando ele se for, eu permaneça vivo tempo suficiente para lhe prestar o seu devido luto e respeito. ”