Último pôr do sol
Eis o tempo em sua trajetória final,
O uivo do vento tão fraco e distante
Como jamais ocorrido, o cárcere aberto
A inexistência de minha cansada matéria.
Eu luto sozinho tentando compreender
O que antes não via, agora é palpável
Não existem mais medos ou amarguras
Apenas deixar-me seguir para o outro mundo.
-Venha... se entregue sem ressentimentos!
-Atravesse a barreira das suas inquietações!
-Finde essa dor! Feche os olhos e parta...
Lembro tão bem dos lindos pássaros, e
dos peixes eufóricos abaixo do cais
A inocência característica daquele menino
Os pensamentos leves como plumas...
Não há sangue nem sinais de tortura, e
obviamente o voo ou queda livre não haverá
Os caminhos costumeiros a mim não se
fazem plausíveis, pois não mergulho nesse
oceano do desespero e do ato impulsivo.
-Sei que não agirá por impulso. Estás consciente das suas pretensões.
-O alívio virá meu amigo. Embarque logo nessa nave do nada...
Quanta saudade daquele jardim de lindas flores rosadas. A fileira de pardais na antena.
O piquenique no vão do edifício, cujas brincadeiras atravessavam toda a tarde...
Olho o lindo mar por mais uma vez e
me vejo como um barquinho no longínquo atol. traço a linha do horizonte com meus tristes olhos , e estou pronto para contemplar o meu último pôr do sol...
Alexsandro Menegueli
13/11/22 às 19:30 de domingo