Minha escolha pelo Direito
Dentre tantas opções, escolhi o Direito como o lápis que escreverá minha carreira, conforme as decisões que farei e que ficarão registradas no papel de meu destino acadêmico. Ele me escolheu assim como eu tão humanamente optei por ele. Eu já pensei em seguir muitos outros rumos completamente diversos do mundo das leis, mas o desejo latente pelo Direito gritou mais alto, como uma manifestação de vocação que a alma transparece em personalidade, jeitos e afinidades. Com o amadurecimento, descobri que as palavras são a minha maior paixão, e tive a certeza de que posso usá-las para promover o bem e lutar pelos meus ideais de igualdade e de justiça social.
Não escolhi o Direito simplesmente por status, concorrência ou por boas perspectivas financeiras. Eu o escolhi porque ele é um ente indispensável na regulação da sociedade, é por meio dele que se pode sonhar com a redução das chagas que tanto nos afligem como seres relacionais. Não espero adentrar na área com a superficialidade de quem memorizou todos os códigos, porém sequer consegue formular com concisão um raciocínio jurídico que torne possível uma visão horizontal e abrangente da existência das leis. O Direito é muito maior que as leis escritas, falar sobre Direito é também discorrer sobre a voz da civilização, sendo um instrumento de expressão social e de transformação de realidades.
Minha indignação perante as mazelas do mundo é outro motivo pelo qual me enveredei no Direito, sei que tenho um coração altamente esperançoso e uma mente ligeiramente racional. Posso me valer dessa combinação, explorando o melhor lado de cada parte para propor as melhorias que tanto considero necessárias. Apesar disso, costumo manter meus pés muito bem fincados no chão, especialmente quando o assunto diz respeito ao futuro. Isso decorre de uma tentativa de autopreservação e de evitar frustrações, já que por mais bela que a ideia de Direito pareça, é utópico imaginar que todos os problemas do Brasil podem ser solucionados. Assim sendo, o meio jurídico já obteve muito êxito, contudo seu caráter é fortemente pontual, e as demandas são inúmeras. O objetivo não é tornar o meio em que se vive, um lugar perfeito em que não existam crimes ou obstáculos legais, mas sim um local de confiança na justiça e na luta do Direito pelo bem comum.
Minha profunda admiração por diversos profissionais da área que atuam no Direito com a mais nobre responsabilidade ética, me levou a pensar mais seriamente sobre esse belo caminho. Muitos juízes, promotores de justiça, advogados e defensores públicos me inspiraram a ver o Direito com outros olhos e a me imaginar em seu lugar. Não é fácil lidar com a face mais detestável da vida em sociedade, porém é imprescindível. É um ato grandioso doar-se ao bem e à resolução de conflitos. Novamente reitero a importância das palavras, que podem proporcionar valiosos diálogos e impedir que a fria violência seja usada em seu lugar.
Desde que me conheço por gente, estou imersa nesse mundo bem regrado, visto que tenho em minha família uma de minhas maiores inspirações no ramo: meu próprio pai. O estudo do Direito possibilitou a ele uma mudança de vida, e hoje em dia ele é um profissional muito bem sucedido em realizado em sua função de oficial de justiça. No entanto, é fundamental desmistificar a ideia de que minha opção pelo Direito foi influenciada por ele. Certamente o impacto de seu trabalho foi muito significativo em minhas ponderações, mas não foi o fator decisivo, posso afirmar com clareza que minha coragem e minha atitude de trilhar esse caminho partiram plenamente de minha pessoa, ainda que sua figura tenha sido tão sumária em minha formação e que eu me veja refletida em suas convicções.
Sinto que não será fácil, uma vez que o que me aguarda é um árduo caminho. Mas da mesma forma, sei que o Direito me propiciará incontáveis alegrias em nome de um trabalho bem feito e mediado por propósito. Conheço os meus valores e eles serão o meu norte nessa jornada de muito empenho. A beleza do Direito está justamente onde não se pode enxergá-la, é nos bastidores de um fórum, de um salão de júri ou de uma sala de aula que são concretizadas as consequências que tão felizmente aparecem de forma vindoura em nosso cotidiano. Dos sonhos que tenho, talvez o mais notável é saber que meu trabalho caminha na direção do que é certo, e de modo muito altruísta, auxilia na formação de um mundo melhor. Mas não basta sonhar, é preciso batalhar e fazer acontecer. Para o Direito, cada dia é uma nova luta e uma nova chance de colocar a dignidade humana em prática.