Copo sujo
Já não desejo mais me sentar na mesa de um bar enquanto você se esfrega em alguém. Já decorei os papos e confesso que já entendi a representação da minha carne perto de seu aromático vinho. Esse papel tosco, representei tantas vezes até que percebi que saiu de moda. Percebi que é chato esperar a reciprocidade de um embriagado apaixonado.
Me tornei o status, não é mesmo? Assim fica fácil você dizer que tem amigos. Sou aquela cadeira que é preenchida para não dizer que sua solidão é real. O fadonho vazio não te pertence mais, pois tem amigos para convidar e tem amor para amar. O teu Eu, envolto do ego enquanto meu Eu, passou a ter só a mim mesmo.
Então me diz, o que adianta tentar me comprar com uma cerveja barata quando te falta atos? É nobreza sua, agora que namora, me tirar de um tudo para me transformar em um nada? Talvez eu deva agradecer com escárnio a maneira bela que tem me tratado. Dizer obrigado aos choros mal resolvidos, aos limites impostos e a amizade supostamente verdadeira.
Não me envolva nesse jogo todo sabendo que serei o perdedor. Não quero bares, lares e ultimamente nada que envolva sua presença. Não quero desculpas ultrapassadas e verdades incompletas. Talvez meu bar tenha se fechado, e sem sombra de dúvidas, é hora de você ir embora.