Valsa
Estou me cansando de você.
Enquanto você dança em outros corpos, permaneço sentado na cadeira a espera da minha vez, pois você é assim, um galante apaixonado não é mesmo? Hora vem um, hora vem outro e eu permaneço parado ouvindo várias músicas sem poder dançar. Prefiro até mesmo duvidar que isso seja maldade, pois tudo que tu faz e diz para mim é com carinho. Nesse baile sei bem que existe uma máscara de amizade para que quando estiver sozinho, tenha aonde se deleitar... E assim foi uma, duas, três e quantas vezes mais eu pude contar. O que você não sabe, senhor dançarino, é que esperar cansa. Ficar sentado demais adormece as pernas e quando eu resolver partir, não espere eu voltar.
Chega uma hora que a melodia, vira ruídos. Que o perfume embrulha o estômago, e se a mim pretende deixar de molho, pois bem, já deixou. Pretendo partir dessa zona patética, pois nitidamente não represento tanta coisa assim para ti. No fundo eu só pareço fazer sentido quando você está carente, não é verdade? E não quero que deseje a mim apenas quando tu estiver só. Não quero que me iluda dizendo o quanto sou especial e o quanto a pessoa que eu encontrar vai ser feliz...
Pois é, estou cansado e dessa vez é de você.
Dessa vez é de suas palavras tortas, seus carinhos esporádicos e seus elogios (des)motivacionais.
Ouço de longe, mais uma música se iniciar, e mais uma vez você sai correndo para dançar... É a última vez que eu, o otário da cadeira te espero. Portanto, dance com a alma e com amor porque eu pretendo partir. E dessa vez, sem ânimo nenhum de retornar.