Guilhotina
O frio desliza pelo meu corpo ao ver você partir e você se foi tantas vezes que juro ter perdido as contas. Você faz isso tão bem, de vir e me quebrar que meus fantasmas já não sabem mais o que é real. É como um soneto marcante que invade alma, dança com meus pecados e se despede como guilhotina. Guilhotina afiada para expectativas de amar, e no outro dia eu prometo a mim mesmo que vou me recuperar. E no outro dia faço o mesmo. E no próximo também.
Cruel, tal qual deve ser.
O que queres que eu diga para não mais sentir o amor? Pois acredite, essa voz arranhada disse de tudo. Os lábios já até tentaram beijar outras pessoas, mas eu sinto o gosto de sangue escorrendo pela garganta sempre que tento. Assim está o meu eu, fatiado por guilhotina. Na esperança tola de ser amado, pois voltar eu já sei que tu volta.
Acostumei a ficar só. Acostumei a te esperar e reesperar tantas e tantas vezes, que não há mais espaço para o outro. Deixei tatuarem em minha pele o adjetivo de covarde. Raspei meu ego para dar espaço ao meu eu-lírico platônico. E eles me possuem.
Meus fantasmas devastados sabem bem tudo o que tu és para mim. E se existe sentimento, neste instante me ajoelho para te entregar. Pois tu tens a mim mesmo que não queira. E é de joelho dobrado e guilhotina armada, que mais um dia saberei meu fim.
Decapitado por te amar.