Livro e banho
A leitura é, sobretudo, o melhor banho que a alma poderia receber. Ler é purificar os pensamentos através de palavras, é um retorno gradativo a si, na medida em que as interpretações possíveis que constantemente fazemos sobre as obras que temos a oportunidade de degustar, nos revelam o modo como enxergamos o mundo ou a ficção. Um livro pode ser uma ducha fria de frases cruas e alfinetadas que precisávamos receber, ou um banho quente de deleite narrativo, inspiração e poesia.
A mãe, vendo seu filho vidrado o dia todo no videogame, lhe ordenou: “vá ler um livro!”
E a criança, de início contrariada, obedeceu ao comando.
Virou as primeiras páginas, se esforçando um pouco para gostar da leitura e se permitindo mergulhar nas aventuras que o livro trazia. Um instante depois, o menino já estava hipnotizado pelas palavras, e não foi fácil se desprender delas depois…
O pai, vendo que sua filha brincou o dia inteiro na rua, lhe ordenou: “vá tomar um banho!”
E a criança, de início contrariada, obedeceu ao comando.
Ligou sua ducha, esperando a água esquentar e preparando seus sabonetes e bolhas de sabão. Um instante depois, a menina já estava se divertindo com a espuma e cantando alegremente debaixo do chuveiro, e não foi tão fácil assim se desprender do banho…
Qualquer semelhança não é mera coincidência. Ler um bom livro é como experimentar um bom banho: primeiro nem queremos entrar, mas depois não conseguimos mais sair. De início a preguiça nos abate e até nos estagna em uma zona de conforto, o pensamento sobre o esforço necessário é quase o suficiente para nos fazer desistir. Mas uma vez lá dentro, seja de uma história fascinante ou de um banho quente, sair é, no fim das contas, a escolha que não queremos fazer. Não temos outra opção, senão voltar…