Oi, quer tc?
A primeira vez que interagi com outras pessoas pela internet foi no Orkut, uma das primeiras redes sociais a se popularizar no Brasil. Eu tinha 15 anos na época. Lembro que no começo eu adicionava todo mundo, mesmo pessoas de outras cidades e estados. Achava a comunicação com pessoas novas e diferentes a melhor coisa que se podia fazer online. Tudo aquilo era novidade para mim. Acreditava que eu as estava conhecendo de verdade, sentia-me íntimo de todos e, se na minha vida pessoal eu era impopular e com poucos amigos, na internet eu me abria para o mundo, acumulando cada vez mais pessoas na lista de amigos e trocando mensagens de boa segunda-feira, bom dia, boa tarde e boa noite com todos.
Eu ia para lan house quase todo dia, na época, uma hora no computador custava menos de um real e, enquanto a maioria dos garotos da minha idade iam para jogar lineage ou country strike, eu me jogava nas salas de bate-papo, interagindo com diversas pessoas
ao redor do mundo. Os garotos Argentinos eram os meus favoritos. Hoje em dia vejo o quanto eu era bobo, mas admito que a experiência de interagir com outros meninos que se sentiam como eu me sentia, foi libertadora. Até então eu era o único no meu mundo, mas graças a internet eu comecei a descobrir que existiam milhares, depois milhões como eu.
O tempo foi passando, ganhei meu primeiro celular com internet e podia levar a interação no meu bolso. Mais uma vez as salas de chat eram meu único recurso para fazer amizades que, com o tempo, foram ficando cada vez mais profundas. Aos poucos ia sabendo mais sobre a vida dos garotos como eu, íamos trocando experiências, confessando segredos os quais jamais teríamos coragem de contar para ninguém, desejos escondidos, que considerávamos condenáveis, enfim, meus melhores amigos passaram a ser aqueles do outro lado da telinha e com uma conexão de internet disponível.
Tive muitas paixonites nesta época, às vezes conhecia apenas uma única foto de alguém com quem eu trocava mensagens diariamente, mas mesmo assim eu me apaixonava por eles, pois gostava de quem eles eram por dentro, do que me falavam e me faziam sentir. Poucas vezes interagíamos via ligação telefônica, eu era tímido demais para isso. Mas perdi as contas de quantos namoradinhos virtuais eu tive. Nunca os encontrei pessoalmente e não tenho mais contato com nenhum deles.
Com a popularização da internet, smartphones e aplicativos, ficou muito mais fácil conhecer e interagir com as pessoas, conhecer gente nova e encontrar um namorado. Temos mais opções e muito mais ferramentas que facilitam encontrar alguém especial, mas será que essa banalização facilitou ou complicou ainda mais os relacionamentos?