PALAVRAS MUDAS...

As palavras não vêm

Quanto mais nelas penso

(mais as dispenso?)

Mais elas somem

No fundo do homem...

A hora aqui dentro,

Lá fora o intento.

É escuro de noite,

Obscuro o pernoite.

É macio o luar,

Vazio o lugar.

É urgente a canção,

Pungente a emoção.

E o riso não falta

Mas falta as palavras

Que falem do riso

E o riso se esmalta

Sem suas palavras

Nalgum outro piso...

Agora nas casas,

a flora tem asas.

É lânguida a fronte,

Candida a fonte.

É capital o contato,

Desleal o boato.

O amor é o verso,

O ardor o reverso

E a boca não falta

Mas faltam palavras

Que cheguem à boca

E a boca é incauta

E sem suas palavras

Se fingem de louca...

E no fundo do homem

Quanto mais elas somem

(mais as despejo?)

Mais as desejo...

As palavras não vêm...

Tácito

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 08/02/2021
Reeditado em 08/02/2021
Código do texto: T7179640
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