PALAVRAS MUDAS...
As palavras não vêm
Quanto mais nelas penso
(mais as dispenso?)
Mais elas somem
No fundo do homem...
A hora aqui dentro,
Lá fora o intento.
É escuro de noite,
Obscuro o pernoite.
É macio o luar,
Vazio o lugar.
É urgente a canção,
Pungente a emoção.
E o riso não falta
Mas falta as palavras
Que falem do riso
E o riso se esmalta
Sem suas palavras
Nalgum outro piso...
Agora nas casas,
a flora tem asas.
É lânguida a fronte,
Candida a fonte.
É capital o contato,
Desleal o boato.
O amor é o verso,
O ardor o reverso
E a boca não falta
Mas faltam palavras
Que cheguem à boca
E a boca é incauta
E sem suas palavras
Se fingem de louca...
E no fundo do homem
Quanto mais elas somem
(mais as despejo?)
Mais as desejo...
As palavras não vêm...
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