Deixe em paz a poesia


Sem rédeas, 
que baste a si mesma.
Em qualquer de suas tramas,
traumas...
Em qualquer de suas asas.
Que se forme a poesia
pela sua natureza,
a agonia ou a leveza
que a revele ou faça ir.
Ácida, doce ou, se quiser,
insossa,
mas livre de grilhões e presas.
Solta. Pra cantar ou pra rugir.

Que conte os versos,
as linhas, as casas.
Que corra meio prosa,
distraída ou calculada.

Real, imaginária,
fechada em si ou solidária,
seja livre para ser.
Fadinha ou bruxa feia,
deixe em paz a poesia
com seu grito e sua tez.

 
Célia de Lima
Enviado por Célia de Lima em 08/11/2020
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