O mal que cometemos retira-nos a confiança no amor e no perdão de Deus e dos homens e faz com que vivamos temerosos, pautando a nossa existência sob a perspectiva da justiça e retribuição. Contudo, a misericórdia supera o juízo e onde o pecado abundou, a graça superabundou.
Ao contemplarmos a finalização da história de José (Gn 43), percebemos que os irmãos deste patriarca não conseguiram entrar na dinâmica da misericórdia e não tiveram inteligência para ler as entrelinhas da vida e da história. O mal e o pecado roubaram isso deles. Os filhos de Jacó se deixam mover pelo medo da justiça e, por isso, não conseguiram enxergar além de suas próprias concepções. (Como é difícil se converter!)
De fato, o medo aprisiona, mas o amor liberta e faz ver além. Foi isso que aconteceu com José. Ele teve o coração livre e em momento algum cogitou em fazer mal àqueles que um dia o maltrataram. 
José nos ensina que aquele que apanha, ainda que não esqueça (conforme ensina o ditado popular) sempre pode perdoar. E, só quem perdoa é realmente livre, pois não se deixa envolver pelas cadeias do ressentimento e rancor, que como um câncer, corroem a alma. 
A história de José do Egito é um grande convite a convertermos a nossa maneira de pensar e agir e a passarmos a fazer leitura espiritual da nossa vida e história e, deste modo, reconciliarmo-nos com o nosso passado percebendo que mesmo nos momentos mais difíceis de nossa vida o Senhor sempre esteve conosco conduzindo a nossa caminhada.
Frei Michel da Cruz
Enviado por Frei Michel da Cruz em 17/07/2020
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