Palíndromos

Ao escrever sobre Roma, repeti tanto a palavra, que o corretor gramatical grafou-a de trás para frente, ou seja Amor.

Sempre soube sobre Roma, aliás foi lá que iniciou o Direito, porém, onde impera o direito, o Amor não é dever regido por leis.

Da mesma forma, ao escrever sobre Raul, o bendito corretor alterou o nome próprio, para Luar. E o sertão habitado pelo luar, a escuridão foge desatinada.

Que a claridade do luar ilumine suas andanças; pois a vida não passa de valsas de pés em arrasta-pés e folclóricas danças. Sobretudo, que a nossa diminuta existência seja sempre o contrário; e nos territórios que as balas de fel e bolas de fogo cuspirem ódio, as flores emanem Amores.

Nostalgia:

As minhas palavras são velhas,

Tão anacrônicas e perdidas no tempo,

Que fazem bem em tapar os ouvidos,

Porém, aos que se possuem tímpanos e quer dar trabalho a eles,

Bem como os que se propõem ao dispendioso ato de ouvir-me,

As minhas palavras pedem licença ao meu coração, passam pelo filtro mental e saem pela boca,

Eletrocutadas de ternura,

Rugas,

Gracejos,

Quietude,

Paz,

Faiscando sentimentos,

Pureza,

Ouro,

Sorrisos,

Doçura,

E não fazem a mínima questão de tecnologias, máquinas, robotização,

Tampouco,

Dos neologismos de inovação.

Aí, Eu alugo os ouvidos do ouvinte ou do interlocutor,

E repito,

Repito,

Repito,

Repito,

Até Eu lembrar que o que falei,

Já está decorado por quem ouve-me,

E esquecido por mim.

Aí, Eu repito,

Repito,

Repito...;

O assunto que teve início,

E nunca terá fim!

Eu e minhas palavras fora de época,

Somos idosos de cabelos grisalhos assumidos!

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 06/06/2020
Reeditado em 06/06/2020
Código do texto: T6969269
Classificação de conteúdo: seguro