Palíndromos
Ao escrever sobre Roma, repeti tanto a palavra, que o corretor gramatical grafou-a de trás para frente, ou seja Amor.
Sempre soube sobre Roma, aliás foi lá que iniciou o Direito, porém, onde impera o direito, o Amor não é dever regido por leis.
Da mesma forma, ao escrever sobre Raul, o bendito corretor alterou o nome próprio, para Luar. E o sertão habitado pelo luar, a escuridão foge desatinada.
Que a claridade do luar ilumine suas andanças; pois a vida não passa de valsas de pés em arrasta-pés e folclóricas danças. Sobretudo, que a nossa diminuta existência seja sempre o contrário; e nos territórios que as balas de fel e bolas de fogo cuspirem ódio, as flores emanem Amores.
Nostalgia:
As minhas palavras são velhas,
Tão anacrônicas e perdidas no tempo,
Que fazem bem em tapar os ouvidos,
Porém, aos que se possuem tímpanos e quer dar trabalho a eles,
Bem como os que se propõem ao dispendioso ato de ouvir-me,
As minhas palavras pedem licença ao meu coração, passam pelo filtro mental e saem pela boca,
Eletrocutadas de ternura,
Rugas,
Gracejos,
Quietude,
Paz,
Faiscando sentimentos,
Pureza,
Ouro,
Sorrisos,
Doçura,
E não fazem a mínima questão de tecnologias, máquinas, robotização,
Tampouco,
Dos neologismos de inovação.
Aí, Eu alugo os ouvidos do ouvinte ou do interlocutor,
E repito,
Repito,
Repito,
Repito,
Até Eu lembrar que o que falei,
Já está decorado por quem ouve-me,
E esquecido por mim.
Aí, Eu repito,
Repito,
Repito...;
O assunto que teve início,
E nunca terá fim!
Eu e minhas palavras fora de época,
Somos idosos de cabelos grisalhos assumidos!