Pensamentos de quarentena
Eu tenho pensamentos perigosos às mentes desavisadas. Pensei que minha escrita era como uma bomba nuclear feita com urânio enriquecido, mas então descobri que existem as bombas termonucleares que ao invés de fazerem uma fissão nuclear, fazem uma fusão nuclear, conforme é feito no sol. Elas são muito mais poderosas. Há a fusão de um átomo de hidrogênio com um próton e um nêutron em seu núcleo, e outro átomo de hidrogênio com um próton e dois nêutrons em seu núcleo. Dessa fusão nasce o elemento hélio.
Agora eu vejo minha escrita como uma bomba de fusão nuclear que me destrói, me transforma e me ilumina. O problema é que depois da destruição subprodutos da fusão vão indo para o solo e o ambiente se torna radioativo e até inóspito.
A transformação pode ser benéfica para mim e tóxica para os outros. A minha escrita sempre mostra que no passar dos meus dias eu acabo deixando parte de quem eu sou para não machucar ninguém. E eu vou me manifestando calado como um espírito que vaga após morrer numa explosão duzentos e cinquenta mil vezes maior do que a de Nagasaki. Escrevo porque sou quântico.